Família quilombola é espancada em Minas Gerais


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A Comissão Pastoral da Terra – MG e Comunidade Quilombola Marobá dos Teixeira publicaram, no último sábado 25/03, a nota de repúdio e denúncia abaixo:

 

“NOTA DE REPÚDIO E DENÚNCIA
FAMÍLIA QUILOMBOLA É ESPANCADA VIOLENTAMENTE NA COMUNIDADE QUILOMBOLA MAROBÁ DOS TEIXEIRA

Na noite de ontem (24/03/2017), por volta das 20 horas, três homens armados e encapuzados chegaram à residência do casal na comunidade Quilombola Marobá dos Teixeira no município de Almenara. Eles estavam em um veículo Novo Uno de cor branca e ao chegarem chamaram os moradores pelos nomes e quando atenderam, acreditando que seria alguém conhecido, foram abordados por um dos homens, o qual afirmou que “graças a Deus” encontrou Jurandir, pois ele era um homem difícil de ser encontrado e já estavam procurando há dias. Inicialmente, torturaram a Maria Rosa (esposa do Jurandir que também é agente voluntária da Comissão Pastoral da Terra). Segundo ela, além de espancá-la, um dos homens deu alguma substância que parecia ter chumbinho dentro e quiseram obrigá-la a tomar, mas ela disfarçou e não engoliu. Além disso, ela foi obrigada a deitar no chão e foi coberta por um pano e, insistentemente, perguntaram onde estavam as armas. Enquanto isso, um deles procurou Jurandir (presidente da associação da comunidade) e quando o encontraram amarraram ao poste de energia elétrica e espancaram e também tentaram enforcá-lo com uma corda, até ele desmaiar. Acreditando que ele estava morto, saíram e vasculharam a casa. Além de levar pertences da casa, levaram documentos da associação comunitária, documentos relativos aos processos administrativos e judiciais relacionados ao território.
Acreditamos que isso está ligado ao conflito agrário, às lutas em defesa do território. Vários outros momentos de conflitos já foram registrados, muitas ameaças já foram feitas, também já houve agressão física e verbal. Muitas outras evidências nos levam fazer tal ligação. As burocracias, a morosidade e a omissão dos órgãos de governo e até a morosidade do Judiciário têm contribuído para acirrar o conflito. Diante do exposto, a Comissão Pastoral da Terra e a comunidade Quilombola Marobá dos Teixeira denunciam esse atentado. Exigimos que seja investigado e que os responsáveis sejam punidos.

Belo Horizonte – 25/03/2017
Comissão Pastoral da Terra – MG e Comunidade Quilombola Marobá dos Teixeira.”

 

Maria Rosa é uma das coordenadoras do projeto “Quilombola com quilombola”, apoiado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos.